quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sobre dores, perdas e a morte...

Toda dor traz consigo transformações e mudanças, seja ela física ou psíquica. E as dores são inevitáveis ao longo da vida para todos nós, do maior ao menor, do mais rico ao mais pobre todos nós em algum momento a sentimos, é inevitável.

Na minha concepção ela sempre vem para nos ensinar algo, nos mostrar coisas que talvez não enxergaríamos no dia a dia, no corre corre... Pois quando algo dói em nós, sempre focamos nossa atenção para isso... seja uma dor de estômago ou uma decepção. Nosso instinto é sempre parar e avaliar a "dimensão" da ferida em nós.

Assim, fica mais fácil enxergar certas coisas e comportamentos. A dor, a perda e a morte sempre tem um fundamento "maior" em nossas vidas, basta sabermos enxergar qual é ele.

Créditos da Foto: Ricardo Moreno

Há umas semanas atrás meu paizinho sofreu um AVC, e tenho comentado com algumas pessoas que algo mudou nele depois disso, não falo só da parte física... digo da parte comportamental.

Claro, mudou em nós todos em casa... pois sempre que algo assim acontece nos traz a realidade de que as pessoas que amamos não estarão ao nosso lado para sempre, e que essa realidade que vivemos hoje não é eterna.

Lendo o "Filtro Solar" esses dias me deparei com a frase:
- Dedique-se a conhecer seus pais!

Sinal de que tenho que me dedicar mais a essa convivência e conhecimento.

Amo estar com meu pai. Adoro conversar com ele.
Ele conta piada e fala de filosofia, teologia, ciência, história e atualidades.
Sempre temos muito assunto.

Nunca estamos prontos para perder nada, nem ninguem... ficamos perplexos, assustados e indefesos diante da morte, do termino de uma relação, da doença de um amigo. E são nesses momentos de ABANDONO que crescemos de maneira mais significativa.

Tenho um amigo que perdeu o pai com câncer, e nas últimas semanas de vida ele cuidou do pai... deu banho, trocou fraldas, deu comida... e ele sempre diz que foi uma vivência única, pois o pai sempre "auto-suficiente" nunca esteve tão PRÓXIMO.

Talvez a doença em si tenha essa "finalidade"... aproximar pessoas, sentimentos e encurtar distâncias do coração e da alma. Ficamos GRANDES diante das fraquezas. As relações se aproximam, seja pra revesar a visita no hospital ou para pegar carona para ir a um enterro, todas as outras coisas se tornam menores e vazias diante da dor e da morte.

Acabei de perder a vó e mãe de uma das pessoas mais importantes da minha vida. E ouvindo ela dizer que queria poder poupar a vó da dor e da morte, pedia à Deus pra dividir um pouquinho da dor dela comigo, para que ela não sofra sozinha.

Minha querida D. Irene, para você que foi mais que mãe e que sempre acolheu a mim e aos meus filhos de forma tão carinhosa, essa canção feita para uma avó que também foi mãe:


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